Deixei a escola com sete anos. A minha irmã estava no meio de muita gente e alguém lançou uma pedra que acertou nela e eu fui bater à pessoa. Então, nessa luta, o professor chegou e me bateu também. Foi quando comecei a negar de ir à escola e os meus pais disseram, “Então vamos na machamba!”
Quando ele passou, eu estava sentada na varanda de casa. Não o conhecia, era um jovem que ficou ali para me conquistar e disse que me precisava. Eu perguntei, “Me precisas para quê?” E ele respondeu que queria me casar. Eu disse, “Está bom”. Então, entrei no quintal e antes de contar para os meus pais, ele apareceu e disse, “Vim e quero casar com essa moça que eu encontrei!”
Casei com 20 anos, já tinha uma filha, depois tive outro. A minha filha desde que nasceu, nunca andou e nem consegue sentar, mesmo para comer é um grande problema. Colocamos comida na boca dela e metade cai. Já levei no hospital e não diziam nada. Só davam xarope, medicamento de malária e paracetamol.
Quando isto começou, ouvimos que outras aldeias estavam em guerra, mas ficámos a pensar que nunca ia chegar na nossa aldeia. Quando eu ouvi disparos, corri para levar algumas coisas, enquanto o meu marido levava as crianças. Depois corremos para nos escondermos no mato. Vi alguns homens a serem mortos e mulheres a serem torturadas, algumas morriam, outras eram violadas, outras soltas. Corremos até uma aldeia chamada Muapana, entráramos no carro e viemos para aqui.
Vale a pena a tropa Ruandesa, porque entra no mato, atrás dos insurgentes, enquanto que a nossa tropa entra, fica na aldeia a nos bater somente. Pessoas de Macomia ligam e falam sobre o bom trabalho dos Ruandeses e denunciam maus tratos por parte das forças nacionais. Alguns são familiares e alguns são vizinhos.
Eu gostaria que a guerra terminasse para voltarmos para casa, pois aqui não estamos a fazer nada. Falta lona, catana, machado, a comida não é suficiente. Lá eu era camponesa, plantava Mandioca, milho, gergelim e amendoim. Conseguia o suficiente para alimentar os meus filhos.
MUTHIANA 2022